A HISTÓRIA DA ORIGEM DO COMPENSADO
  
  LAMINAÇÃO:
DA MADEIRA DOS SARCÓFAGOS A INDÚSTRIA MODERNA
  
   Atualmente, as lâminas de madeira são amplamente utilizadas, principalmente na produção de compensados e revestimentos.
  Este produto, entretanto,
  não surgiu nos atuais tempos modernos, e sim em tempos remotos da civilização.
  Com base nos recentes conhecimentos históricos, é possível afirmar que a primeira
  lâmina de madeira foi produzida no Antigo Egito, aproximadamente em 3000 a.C.
  Eram pequenas peças, obtidas de valiosas e selecionadas madeiras, que se destinavam a confecção
  de luxuosas peças de mobiliário pertencentes aos reis e príncipes.
  As recentes descobertas arqueológicas revelam a existência de peças em madeira que são verdadeiras obras de arte, tais como:
  O trono encontrado na tumba de Tutancâmon,
  que reinou de 1361 a 1352 a.C., confeccionado em cedro revestido com 
finas lâminas de marfim e ébano; uma cama feita em laburno, que 
apresenta algumas características essenciais do
  moderno painel de compensado em sua cabeceira.
  Os estudos dessas valiosas peças de madeira, relacionados as TÉCNICAS de produção das lâminas e aos tipos de adesivos
  empregados, ainda provocam especulações.
  Acredita-se que as lâminas eram obtidas a partir de serras manuais, e o alisamento da superfície destas através de material
  abrasivo, provavelmente a pedra-pome.
  Quanto aos adesivos empregados, é aceita a hipótese de que fossem à base de albumina.
  As civilizações Assírias
  , Babilônicas e Romanas, posteriores à Egípcia, também promoveram 
avanços no uso de laminados e, certamente, com grande influência desta 
última.
  
  Período Obscuro:
  
  A Idade Média é conhecida como o período obscuro, por causa da 
opressão política e eclesiástica ao pensamento criativo, interesses 
culturais e atividades artísticas,
  e isto ocasionou uma longa estagnação na evolução. Esta só ressurgiu 
no período da Renascença ( Europa nos séculos XIV, XV e XVI ), 
principalmente
  durante o reinado de Luiz XV, quando os trabalhos artísticos em 
madeira e a laminação reviveram.
  
  Em 1650 as lâminas ainda eram obtidas por meio de serras verticais, 
mas um forte impulso surgiu a partir da patente da serra circular, em 
1777, por Samuel Miller, embora já existissem desde
  a idade média, e da serra de fita em 1808, por William Newberry.
  A partir da introdução da serra circular na indústria inglesa em 1805,
 houve um grande avanço na laminação
  de madeira, principalmente com o advento da primeira patente de uma 
serra circular específica para laminação, concedida a um mecânico 
francês em 1812, e deu seu emprego
  pela indústria a partir de 1825. estas serras, geravam uma grande 
quantidade de resíduos, o que levou ao surgimento da primeira máquina 
laminadora por faqueamento, patenteada por
  charles Picot em 1834 na França, embora cerca de 30 anos tenham sido 
necessários para que um modelo suficientemente eficaz e seguro surgisse.
  
  A base do surgimento da indústria de compensados foi o grande 
progresso na manufatura de lâminas de madeira, principalmente com o 
surgimento do torno desfolhador , que possibilitou uma produção
  econômica em massa de lâminas de madeira.
  A primeira máquina a produzir lâminas contínuas, por faqueamento de 
toras em torno desfolhador , surgiu em 1818; entretanto,
  nos E.U.A., existe uma patente de torno laminador de 1840 concedida a 
Dresser e, na França, outra, concedida a Garand, em 1844, neste 
processo, as toras possuíam, normalmente, 2m de comprimento
  e a velocidade de laminação situava-se na faixa de 4 a 5 m/min.
  Essas máquinas possuíam um ajuste vertical da lâmina de corte, e a barra de pressão já se
  encontrava em uso.
  
  Pioneirismo:
  
  As primeiras indústrias a produzirem lâminas de madeira 
surgiram na Alemanha em meados do século XIX e, um rápido 
desenvolvimento e aperfeiçoamento nos tornos
  laminadores contribuiu para a evolução da indústria de compensados.
  O emprego das lâminas de madeira torna-se mais significativo a partir 
dos séculos XVIII e XIX,. quando
  importantes peças de mobiliário foram confeccionadas, tais como o 
"Bureau de Campagne" de Napoleão, folheada com jacarandá da Bahia, e a 
introdução
  do compensado na feitura de pianos de cauda, realizada por Steinway, 
um renomado fabricante americano de pianos, em 1860.
  
  Com o advento da Primeira Guerra Mundial, além do surgimento de novos 
adesivos, houve uma acentuada evolução na produção de lâminas e 
compensados, devido a utilização
  destes produtos na área militar.
  
  A construção dos primeiros aviões também utilizou compensado e lâminas
 de madeira, e alguns deles foram bem famosos como o Fokker D. VII, um 
Biplano de combate da Primeira
  Guerra Mundial.
  
  Com o fim da guerra, após 1918, os maiores consumidores de compensados
 foram a indústria moveleira e os estaleiros, estes últimos voltados 
para a reconstrução da frota
  mercante, o que ocasionou um grande crescimento na indústria de 
laminação.
  
  O derradeiro impulso se deu com o advento da Segunda Grande Guerra 
Mundial, com o desenvolvimento e automação dos sistemas de produção 
contínua, proporcionando uma
  gama crescente de produtos de qualidade superior e menores custos.
  
  Durante o Conflito da Segunda Guerra, a indústria aeronáutica 
desenvolveu importantes projetos, sendo um dos mais destacados o De 
Havilland 98 Mosquito, aeronave de ataque inglesa, que
  possuía a característica de ter sua estrutura inteiramente 
confeccionada em madeira, e seu forro formado por um sistema semelhante a
 um compensado, com núcleo de madeira maciça,
  que proporcionava um conjunto muito estável, dispensando reforços 
adicionais. Estas características tornavam a aeronave menos vulnerável 
aos danos de combate, sendo seus painéis
  facilmente substituíveis quando necessário.
  De 1941 a 1945 foram produzidas 6.711 unidades, sendo que uma versão atingia velocidade máxima de 670 km/h.
  
  Diversificação:
  
  A presente utilização dos produtos de laminação se encontra bem 
diversificada, por exemplo, nas peças componentes de uma moderna casa de
 madeira ( pisos, forros, paredes
  internas e externas, telhados...), na confecção de embarcações, na 
produção de embalagens especiais resistentes a exposição ao tempo, na 
fabricação
  de instrumentos musicais e esportivos, assim como na construção civil,
 que muito emprega o compensado, além de outras possíveis e prováveis 
aplicações.
  
  Na atualidade, ocorre a tendência da globalização da economia mundial,
 ocasionando uma nova revolução industrial, compreendendo 
reestruturações e rápidas
  modernizações nas indústrias, a fim que estas se tornem aptas a 
produzir produtos com qualidade superior, menores custos e 
competitividade no mercado internacional ISO9000 e, logo
  será intensificada pela Norma ISO 14000.
  
  A indústria de laminação acompanha esta tendência modernizando seus 
equipamentos e suas TÉCNICAS, introduzindo modernas máquinas 
desenroladoras, capaz de processar
  toras de até 2 metros de diâmetros com velocidade de 600 giros por 
minuto, controle computadorizado, carregamento automático e centradores 
eletrônicos de toras, além
  do desenvolvimento de sistemas de medição ótica de toras, assim como 
modernas guilhotinas e de secadores entre outras tantas inovações.
  
  Fonte: Revista da Madeira, ano 5 - nº 29 por Carlos Eduardo Camargo de Albuquerque, Eng. Florestal.